Você chega a sua casa, faz café, puxa uma cadeira e está só. Você decide se isso é solidão ou liberdade.
Encontrei esta frase num post do Pinterest. Não me recordo do autor, mas ela me provocou, e ainda provoca, muitas sensações.
Viver sozinho nos permite fazer o que queremos, quando queremos e do jeito que queremos. Não tem ninguém pra fazer exigências. Você tem tempo pra começar novos projetos, conhecer novos lugares e fazer novas amizades.
Por outro lado, temos a perspectiva da independência. Quando nos encontramos em uma casa na qual ninguém nos espera, um lar onde reinam o silêncio e a solidão é mágico. É o nosso universo, o nosso espaço. É onde podemos olhar pra dentro de nós e sonhar. Uma oportunidade de nos conhecer e reconectar a nossa energia ao universo.
Porém, muita gente desconhece isso…não sabe estar sozinho. Há certas coisas que, inconscientemente, são visualizadas apenas na companhia de outra pessoa. Você já experimentou ir ao cinema sozinho? Abrir um vinho, colocar a sua música preferida e preparar uma massa? Dançar descalço no meio da sala, sem ninguém pra te olhar ou julgar? Já experimentou ir ao barzinho, pedir sua cerveja preferida e beber, sem companhia?
Talvez seja a hora de pensar… eu sou feliz sozinho ou preciso de alguém ao meu lado para ser feliz? Para a psicóloga Carmem Leonora Bonfim, precisamos parar um pouco para pensar porque depositamos a nossa felicidade nos ombros de outra pessoa.
“Será que quando nos comportamos assim, não podemos estar revelando algo de nós mesmos? Que insegurança ou carência afetiva existe em mim que me impossibilita ou me aprisiona, desacreditando nas minhas capacidades e potencialidades como pessoa? Precisamos aprender a nos conhecer e a nos valorizar como seres que foram feitos para o amor, mas um amor que não escraviza, um amor que antes de tudo é liberdade”.
L.I.B.E.R.D.A.D.E. Sempre me questionei o que significa ser livre? Quando somos menores de idade e dependemos dos nossos pais, tudo gira em torno da vontade deles, e você sonha em ser adulto pra fazer a sua vontade. Mas será que ser livre é fazer o que se quer e quando quer?
Diversos filósofos estudaram e publicaram suas obras sobre a liberdade. Marx, Sartre, Descartes, Kant e outros. Para Descartes a liberdade é motivada pela decisão do próprio indivíduo, mas muitas vezes essa vontade depende de outros fatores, como dinheiro ou bens materiais.
“[…] Age com mais liberdade quem melhor compreende as alternativas que precedem a escolha”, considerou Descartes.
Segundo Kant, liberdade está relacionada com autonomia. “É o direito do indivíduo de dar suas próprias regras, que devem ser seguidas racionalmente”. Para Karl Marx, a liberdade humana é como “a constante criação prática pelos indivíduos de circunstâncias objetivas nas quais despontam suas faculdades, sentidos e aptidões artísticas, sensórias, teóricas”. Já Jean-Paul Sartre, “[…] o homem é absolutamente livre para definir-se, engajar-se, encerrar-se, esgotar a si mesmo”.
Somos livres para viver e seguir caminhos. Precisamos aprender a construir uma vida feliz e gratificante. E pra isso, não importa se eu sou solteiro, casado ou recém-separado.
“A nossa felicidade não pode ser reduzida a uma pessoa, pois podemos ser felizes diante de tantas coisas e por tantas coisas que realizamos. Se permitirmos viver cada momento da nossa vida intensamente, nos damos a chance de valorizar todos os acontecimentos que surgem, sejam eles alegres, tristes, de sucesso ou de incertezas. A felicidade é feita de momentos felizes e como é importante sabermos aproveitar esses momentos com simplicidade e com ardor pela vida”, considera a psicóloga.
Sozinho ou acompanhado, o importante é que a gente saiba aproveitar cada momento da vida. Afinal, felicidade se conquista. No livro, A Conquista da Felicidade, de Bertrand Russel, o escritor diz que a felicidade é algo que se cultiva, constrói, semeia, depende de método. Quem se recolhe demais, encolhe. Segundo Russel, “O segredo da felicidade é o seguinte: deixar que os nossos interesses sejam tão amplos quanto possível, e deixar que as nossas reações em relação às coisas e às pessoas sejam tão amistosas quanto possam ser […]”.
*Imagem de Jill Wellington por Pixabay