A vida segue conforme as nossas possibilidades
“Quanto mais quases vamos acumulando, mais acreditamos que ali residia uma possibilidade de felicidade” (Fabíola Simões).
Li essa frase no blog da Fabíola Simões (https://www.asomadetodosafetos.com/) e desde então, fiquei refletindo sobre os quases da minha vida. E vou confessar a você, meu leitor, que são muitos. Afinal, a vida é feita de escolhas e a gente vai decidindo o que é melhor diante de cada acontecimento seja pessoal ou profissional.
Passamos o dia inteiro tomando decisões desde a hora em que acordamos ao momento que vamos dormir. Tênis ou sapato? Omelete ou pão? Café com ou sem açúcar? Carro ou bicicleta? Decidimos o que comprar no supermercado, qual mensagem ou ligação retornar primeiro. Pequenas ou grandes decisões são tomadas a todo instante e por isso, no fim do dia é comum estarmos bem cansados.
E a lista de quases não para por aí, elas só aumentam e atingem camadas mais profundas. Aquele cara tão gentil, mais velho e experiente quase foi seu par, porém ele não havia esquecido a ex, e você entendeu e decidiu não entrar na briga? O emprego dos sonhos, estável e com um bom salário, precisaria de uma mudança de cidade e uma longa distância dos amigos e familiares, e você deixou passar? E aí, você segue em frente com a sensação de quase ter vivido um romance e uma nova oportunidade de trabalho.
Para o escritor André Lisboa, autor do blog Recanto das Letras, os quases são partículas daquiloque se poderia ter vivido e que nos submete a sentir um pequeno sabor de algobom ou ruim que viria a acontecer “algo que nos causa suspiros de uma quase vitória, ou alívio de uma quase tragédia”.
Mas se a gente ficar pensando sobre quase isso e aquilo não vamos conseguir viver o momento presente, que é o que temos de real. Afinal, o passado já foi e o futuro ainda nem chegou. E o mais importante diante de cada escolha é você estar feliz com a decisão que tomou e não ser engolido pelo remorso do SE…se eu tivesse escolhido aquele cara, se eu tivesse viajado para assumir o trabalho…
“Uma decisão pode ser mais difícil de ser tomada quando tem muitos fatores envolvidos e isso pode gerar medo e também insegurança, mas é aceitável sentir-se assim porque somos pessoas que gostamos da estabilidade, e que quando algo muda a trajetória dob nosso percurso, causa desconforto e sensação de impotência”, explica a psicóloga Carmem Leonora Bonfim.
Segundo a psicóloga, não somos indecisos por natureza, mas certas decisões podem ser mais fáceis de serem tomadas por alguns e por outros não. Por isso, “é muito importante compreender todo o contexto em que a pessoa foi criada, pois é dentro dele que a pessoa forma suas crenças, as crenças que tem sobre si, sobre o mundo e sobre os outros”.
As nossas crenças são formadas dependendo do modo como interpretamos determinados acontecimentos na infância e que influenciam tomadas de decisões no futuro. Para Carmem Leonora, um modo de ajudar na tomada de decisão é avaliando as vantagens e as desvantagens que essa decisão vai gerar na nossa vida e quais os maiores benefícios de realização pessoal que ela nos proporcionará.
“Ao tomar uma decisão, pode nos ocorrer algum sofrimento, mas se conseguimos vislumbrar que isso faz parte de um processo de amadurecimento com certeza sairemos mais fortalecidas e prontas para enfrentar outros desafios que a vida nos apresentar. Contudo, há decisões na vida que poderão ser adiadas e isso vai depender da inviabilidade de sua concretização no momento atual, não significando dizer que, em outro momento, ela não possa ser tomada”, explica a psicóloga Carmem Leonora.
Portanto, agora ou amanhã, no próximo mês ou no próximo ano, que saibamos viver a vida da melhor forma, com leveza e felicidade, fazendo as escolhas necessárias e tomando as decisões importantes conforme elas vão aparecendo, e que a indecisão não nos aprisione e nem nos faça parar no meio do caminho. Afinal, sem passos não há caminhada, do mesmo modo que sem arriscar-se em escolhas, não há vida.
*Imagem: pixabay