Cotidiano

Cartas para o universo

“Todas as coisas que eu te escreveria se pudesse”… é um livro do autor Igor Pires que eu descobri por acaso no site de uma livraria. O título, bem provocativo, despertou em mim a seguinte pergunta: o que eu escreveria, pra algumas pessoas, se eu pudesse?

Carregamos assuntos mal resolvidos, perguntas sem resposta, relações sem desfecho e muitos questionamentos. Talvez, se a gente pudesse escrever sobre essas ‘coisinhas’, aliviaria o peso das costas e até mesmo do coração.

Muitas vezes deixamos de falar ou expressar o que sentimos por medo. Medo de ser mal-interpretado, medo de magoar alguém, medo das críticas e da repercussão da opinião alheia. E, silenciosamente, esse medo vai dominando e nos consumindo por dentro.

Para o escritor e palestrante, Roberto Shinyashiki, cada mudança na vida exige uma nova atitude que deve estar alimentada pela confiança, pois amar com medo é perigoso, trabalhar preocupado é abrir as portas para o fracasso, e, principalmente, viver com medo é morrer mantendo o corpo vivo.

E quem quer morrer antes do tempo? Eu não quero. Quero estar viva de corpo, alma e mente também.

Para a psicóloga, Carmem Leonora Bonfim, seria excelente se todas as nossas perguntas fossem respondidas, se todos os mal-entendidos da nossa vida fossem resolvidos e se todas as histórias tivessem um final – aceitável e desejável.

 “Contudo, muitas vezes as coisas não acontecem do modo como gostaríamos e nem do jeito que deveriam terminar. Sendo assim, muitas perguntas ficarão sem resposta, alguns mal-entendidos não serão resolvidos, muitas histórias não terão o final que queríamos que tivessem e, por isso, teremos que conviver e nos adaptarmos a uma nova realidade inesperada e talvez equivocada”.

E as coisas acontecem de uma forma ou de outra, mas acontecem.  Lembrei de filme que eu assiste, “Mesa para quatro”, que está disponível na Netflix. No enredo, quatro amigos formam casais diferentes em histórias de relacionamento paralelas mostrando que para cada escolha há uma possibilidade de amar e ser feliz.

O longa nos mostra que para cada escolha – seja de parceiro, proposta de emprego, escolha de moradia, há uma consequência. Já dizia a terceira lei de Newton, também chamada de lei da ação e reação. Segundo a lei, sempre que uma força é aplicada sobre um corpo, este corpo exercerá outra força de igual direção e intensidade, mas sentido oposto.

E na vida estamos sempre sentindo as consequências das nossas ações. Para cada ação temos uma reação e pra cada escolha, uma consequência.

A psicóloga explica que, nós como seres humanos, temos a capacidade de pensar em nossos objetivos, traçar metas e assim queremos que tudo que acontece na nossa vida tenha um final feliz. Porém, não temos o controle de tudo, muitas coisas não dependem somente de nós. O mais importante e saudável é não permitir que a frustração assuma as rédeas da nossa vida e tentar buscar novas formas de olhar e de compreender os fatos, nos ajudará a não ficar fixado numa realidade que não nos eleva.

Às vezes um amor não terá um final feliz. Outras vezes o sucesso não virá do jeito que sonhamos e o reconhecimento não será percebido por todos. Porém, uma pergunta que devemos fazer é se vamos ficar parados somente pensando, analisando e nos questionando sempre ou se poderemos seguir em frente e tentar descobrir o que a vida espera de nós?”, analisa a psicóloga.

Decidi, então, escrever sobre os assuntos pendentes dentro de mim, oferecendo ao universo o peso que eles exercem e deixando a vida mais leve. E assim, transformar a delicadeza do meu jeito com os outros, em atitudes singelas comigo mesma. Afinal, leveza foi a palavra que eu escolhi pra mim.

*Imagem de pixabay