Tudo mudou com a pandemia da Covid-19. Os fins de semana ficaram mais lentos e mais caseiros. Na rotina, o percurso era de casa pro trabalho e do trabalho pra casa. As saídas se resumiram ao supermercado ou à farmácia.
Nunca me imaginei numa situação como aquela. Porém, em meio ao caos e à insegurança provocados por um vírus, a gente precisou se reinventar pra não pirar. Precisou encontrar algo pra manter a saúde do corpo e, principalmente, da mente. Dentre tantas atividades preferidas, naquele período, como em tantos momentos da minha vida, eu tenho a leitura – seja de livros, e-books, sites e blogs.
E diante de muitas palavras e textos lidos durante a pandemia, a frase de uma postagem me provocou muitos pensamentos e reflexões, ela diz o seguinte: “[…] é preciso aceitar esse humor variante que a existência tem […]” (SIMÕES, 2018).
Ah, o humor variante da vida. Atire a primeira pedra quem nunca se perguntou por que determinada situação estava realmente acontecendo? Quem nunca se questionou por que aquele plano tão bem articulado não deu certo, ou não conseguiu atingir aquele coração que achava tão acessível?
As coisas são sempre imprevisíveis. Esse é o humor variante da existência. Não sabemos se o dia vai ser de sol ou de chuva, embora a meteorologia faça a sua previsão. Não sabemos se o dia no trabalho vai seguir conforme a agenda. Se o sim diante de um juiz ou do padre vai durar.
A vida é tão incerta. “Somos a espécie mais intrigante da biosfera terrestre. Há milhões de espécies, mas somos a única que pensa e tem consciência na vida. Como uma espécie inteligente, podemos pensar no passado, ainda que o passado seja irretornável; pensar no futuro, ainda que os eventos futuros sejam inexistentes. Podemos planejar, prever, recuar, refletir, definir, nos doar, amar e ter consciência de que existimos […]” (CURY, Augusto. 2007, Pag. 57).
Mas a mente humana não consegue prever as certezas da vida. Somos apenas atores das histórias diárias. Quem se imaginou viver uma pandemia em pleno século 21? Desinfectando pacote de arroz ou feijão, estar longe das pessoas? Não poder abraçar e nem mesmo apertar a mão? Nem passou pela minha cabeça ter que “sextar”, dentro de casa e estar proibida de ir a um barzinho num sábado à noite. Sem falar do uso de máscara como acessório do look diário. O mundo muda tão drasticamente e a gente precisa se adaptar, mesmo contestando essas mudanças tão radicais.
Eis o que temos – apenas o momento presente e as cores com as quais ele se apresenta, conforme a música do instante e os personagens que nos aparecem. E o que fazer? Viver sem lembrar do passado, ou pensar no futuro; afinal a vida é o agora. E como afirma CURY (2007), “a felicidade se cultiva no solo dos homens que amam a vida”.
*Imagem de cromaconceptovisual por Pixabay