Quem é do signo de virgem vai me entender. Organização é o lema da vida de um virginiano e deparar-se com o inesperado só contribui para gerar uma bagunça interna na sua mente.
Porém, nem tudo pode ser controlado e listado em um post it, né verdade? O novo sempre aparece e os imprevistos acontecem o tempo todo e o coração do virginiano precisa se preparar pra isso.
Quem me conhece sabe que eu adoro filme. E um deles, que eu já havia assistido no fim de ano, entrou pra minha lista de preferidos. O longa me pareceu tão “a vida da gente”. Estou falando de “Diário de Noel”, disponível na Netflix, é um dos melhores filmes natalinos que eu já assisti. Tudo bem, não estamos em dezembro, mas vale a pena conhecer. Ele é baseado no Livro The Noel Diary, de Richard Paul Evans.
No filme, um dos protagonistas – o escritor famoso Jacob Turner (interpretado por Justin Hartley) volta para a casa onde morou com os pais, depois de 30 anos, e recebe a visita inesperada de Rachel (interpretada por Barrett Doss, de Grey’s Anatomy).
Os dois começam uma viagem cheia de descobertas. O reencontro possibilita que laços desfeitos se entrelacem novamente e seus personagens adultos precisam acertas as contas com o passado pra construir o futuro. Os dois encontram mais do que imaginavam, puxam o curativo de dores e feridas e abrem uma oportunidade para o amor.
Você deve concordar comigo que o acaso tem esse poder mágico, desperta sensações dentro da gente. Ele permeia o nosso cotidiano e saber interpretá-lo pode ser verdadeiramente útil em nossas vidas.
Por outro lado, é aquilo que está no lugar oculto, secreto; é uma parte da realidade que está implícita e que nunca poderá ser totalmente discernível. Ele depende de uma interpretação que não pode e não deve ser simplesmente racional.
Segundo Mlodinow (2009), professor do Instituto de Tecnologia da Califórnia (EUA) e autor de livros de divulgação científica, “vivemos num mundo complexo onde uma série de coisas acontece e nós não entendemos bem por quê. Isto é o acaso e ele permeia a nossa vida.” Ele sugere ainda atenção em sua interpretação, pois julgamentos equivocados podem levar a decisões ruins e a consequências desastrosas.
Para Epicteto, filósofo grego, apud Marcelo de Souza, dr. em Psicologia Social, “há momentos em que a vida também é regida por um pouco daquilo que chamamos hoje de sorte. Entretanto, é verdade que nem sempre as surpresas são oportunas”.
O Filósofo dizia que “mesmo diante a todos os esforços também pode ocorrer das coisas não se alinhar, de algo não dar certo, e prejudicar, ou mesmo outrora, impedir que sonhos sejam alcançados. Nem sempre temos sorte, como nem tudo é como desejamos que seja”.
Mas pra que tudo isso seja possível, é preciso espaço. Permitir-se olhar pra dentro e ouvir o coração, o silêncio, a falta de argumentos. Abrir espaço pras possibilidades que o dia nos oferece – a família reunida, o encontro com os amigos, os abraços no ambiente de trabalho, os risos, as longas conversas, os passeios sem planejamento.
E tudo isso pra nossa felicidade, como nos ensina o psicoterapeuta Augusto Cury, no livro Treinando a Emoção para ser feliz. “Tudo o que fazemos visa consciente ou inconscientemente a nos fazer felizes nos amplos aspectos da vida: ter segurança, superar a solidão, ser tranquilo, ter amigos e, principalmente, expandir o prazer de viver”.
De acordo com Cury, a felicidade não se deixa vender por dinheiro, não se permite seduzir pela alma, nem aceita ser subjugada pelo poder. “Se quisermos encontrá-la nos recônditos anônimos do espírito humano, nas avenidas ocultas da emoção”.
E a emoção fica à flor da pele em alguns momentos do ano, principalmente no mês do nosso aniversário, e pra que ela trabalhe ao nosso favor é preciso abrir espaço dentro da gente e desenterrar o que tá arquivado, causando mágoa ou tristeza. Sentimentos negativos que apagam a beleza de qualquer dia e deixam a gente carregado pras coisas boas do universo.
Por isso, o meu desejo é que o acaso nos inspire e nos liberte de todos os sentimentos negativos. Que a cada manhã, nosso coração se encha de esperança e se abra para o inesperado. E que a nossa mente receba todas as possibilidades que a vida nos oferecer e ela nos fala, basta estarmos em silêncio para ouvir.
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